terça-feira, 21 de agosto de 2007

Nitro prepara entrada no mercado brasileiro

Agência nova-iorquina chega ao Brasil ainda neste ano, por meio de aquisição de empresa local

Regina Augusto, de Nova York


O Brasil, e mais especificamente São Paulo, é o próximo destino da agência independente Nitro, que prepara na cidade a abertura de seu 'hub' para a América Latina. A entrada da empresa no mercado local está prevista para ocorrer até o fim do ano. ?A partir de janeiro de 2008 queremos estar funcionando a pleno vapor no País?, afirma Chris Clarke, presidente e fundador da Nitro. A operação nacional se dará por meio de aquisição de uma agência local. Clarke vem ao Brasil no dia 18 de setembro para falar pessoalmente com algumas agências com as quais já iniciou conversações.

O processo de seleção da parceira teve seu começo há alguns meses, por meio de uma consultoria contratada especialmente para fazer a intermediação da negociação, mas aparentemente a escolha ainda está incerta. Chris Clarke tem sobre sua mesa uma pasta com a relação detalhada de 22 agências brasileiras independentes, divididas em três grupos. No primeiro figuram 11 empresas de portes e perfis distintos com foco voltado à propaganda mais tradicional; no segundo estão sete agências cuja atuação é na área de serviços especializados de marketing, além de uma empresa de design e uma consultoria de tendências; no último encontram-se quatro agências dedicadas à comunicação online e interativa. "Não somos uma rede tradicional, o tamanho não é o mais importante. Por isso, estamos observando todas as possibilidades para fazer essa joint venture", diz, sem entrar em muitos detalhes sobre as negociações em andamento.

Aos 38 anos, o australiano de Melbourne Chris Clarke comanda uma agência criada há apenas cinco anos, em Xangai, na China, que está crescendo expressivamente, com a conquista de clientes globais como Mars, Volvo, Unilever, Kraft e Coca-Cola; hoje tem operações também em Londres e Nova York e projeção de faturamento global de cerca de US$ 1 bilhão em 2007. A Nitro figura no grupo de agências independentes que estão se destacando no recente cenário mundial de comunicação, como Mother, Naked, Strawberry Frog, Taxi e Anomaly, sendo que a mais badalada delas é a Crispin Porter + Bogusky.

Clarke, no entanto, evita comparações e diz que sua empresa tem um diferencial que as demais não possuem: atuação global. "A Crispin é muito bem posicionada criativamente e tem como base os Estados Unidos; a Mother também tem uma característica inovadora e criativa, mas com foco apenas no mercado inglês - seu escritório na Argentina tem apenas sete pessoas; a Strawberry Frog, por sua vez, tem um trabalho pouco consistente e está perdendo várias contas; a Nitro, porém, é de fato a única cuja atuação é global, para clientes que têm a necessidade de ter nossa presença em vários mercados', pontua, sem nenhuma modéstia.Segundo Clarke, as duas agências que cita como exemplo e referência para a atuação de sua empresa são a Wieden + Kennedy e a BBH. "A participação que a Publicis tem hoje na BBH não comprometeu o perfil da agência e não a fez perder sua essência. Ambas são de fato independentes e globais com clientes expressivos. E essa equação nós também temos".

Consultoria
Para Clarke, em vez de se posicionar como butique criativa, assim como suas concorrentes diretas o fazem tão bem, prefere que a Nitro seja percebida como uma parceira estratégica de negócios. "Nossos concorrentes são empresas como uma FutureBrand, se eles fizessem comerciais de TV, ou uma McKinsey, caso eles atuassem no mercado publicitário. Não estou inventando nada diferente do que David Ogilvy e Leo Burnett já faziam há muito tempo, só que percebo que as agências hoje perderam muito espaço como estrategistas criativos de negócios para se tornarem meros executores de ações de comunicação", diz.

Dentro dessa visão, a Nitro desenvolveu como posicionamento ser 'o sócio criativo dos negócios dos clientes'. "Nosso trabalho tem início com uma compreensão aprofundada dos consumidores do cliente e, posteriormente, com a integração desse conhecimento à estratégia do negócio. A missão da empresa é disponibilizar estratégias criativas e soluções inovadoras que gerem impactos positivos nos negócios de seus clientes. Nossa remuneração é variável conforme esses resultados", afirma.

Questionado sobre as limitações que esse modelo teria no Brasil, já que o sistema aqui prevê a compra de mídia integrada à criação, além de uma predominância muito grande da mídia de massa, Clarke afirma que, de fato, faltam em alguns mercados formas mais objetivas de mensurar o resultado das estratégias e ações de comunicações propostas pela agência. Ao mesmo tempo, ele vê nisso um diferencial importante para confirmar a trajetória bem-sucedida da Nitro. "Qual é o preço da inovação? Como cobrar por uma idéia? Se você tem uma idéia e pode de alguma forma aferir que a partir dela houve um efeito positivo no negócio do cliente, você estabelece uma relação de confiança", pontua.

Nitro-dados
Ano de fundação: 2002
Presidente e fundador: Chris Clarke
Mercados nos quais atua: Xangai, Nova York e Londres
Próximos mercados: São Paulo e Moscou (previsão de abertura em 2007)
Faturamento global: US$ 1 bilhão (projeção para 2007)
Principais clientes: American Express, Nike, Inbev, L'Oréal, Diesel, Kimberly-Clark, Sony Playstation, Bacardi, Foot Locker e Royal Bank of ScotlandContas clientes globais: Mars, Kraft, Volvo, Unilever e Coca-Cola


www.meioemensagem.com.br

Postado por Laíza Bulhões, estudante da Unifacs do curso de Comunicação e Marketing - 2º semestre.

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