João Cox Neto (Claro) e Roberto de Oliveira Lima (Vivo) analisam crise financeira e o impacto nas teles no segundo dia do congresso e feira de telecomunicações; José Eduardo Falco (Oi) preferiu falar sobre mitos do setor e o impacto da chegada da Oi em São Paulo
Sandra Silva
29/10/2008 - 14:40
Os presidentes de duas das principais teles celulares do País decidiram falar sobre a crise e os impactos da desaceleração mundial da economia no painel de abertura do segundo dia do congresso e feira de telecomunicações Futurecom, realizado no Transamérica Expo Center, em São Paulo, no ano que completa uma década desde a privatização em telefonia celular.O presidente da Claro, João Cox Neto, fez uma longa explanação econômica, resgatando fatos desde o crash da bolsa nos Estados Unidos, em 1929, até os dias de hoje. Já o presidente da Vivo, Roberto Oliveira de Lima, comparou a crise financeira com o momento de ruptura aguda e passagem da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento. "Vou falar sobre o mesmo tema da crise, Falco (Oi), mas não se preocupe. Não é cartel. Foi coincidência", brincou Lima (Vivo).
Animado com a chegada ao mercado de São Paulo, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, preferiu falar dos "mitos" e "verdades" do mercado de telefonia celular. Desde o início do mês, a operadora de celular vendeu 1,1 milhão de chips no mercado paulista (considerado pela operadora como "sofisticado"), acumulando filas de até duas horas em postos de desbloqueio na capital.
Impactos
Cox acredita que a crise americana poderá levar à desaceleração do consumo, estagnação da economia e crescimento da inflação. "Com a recessão lá fora, sofrem os países com economia de exportação de commodities. As empresas vão sofrer redução de rentabilidade e repatriamento de capital para cobrir déficits de caixa nas matrizes. Será um cenário de crescimentos mais modestos. No Brasil, acredito que esse impacto do dólar será apenas no curto prazo. Num prazo mais longo o dólar deve cair e não deve afetar investimentos. Acredito que em 2009 as teles celulares vão continuar investindo a média histórica de R$ 19 bilhões que têm investido nos 10 anos da privatização", afirma o presidente da Claro.
O maior impacto no curto prazo, segundo o executivo, recai sobre o preço dos aparelhos, fabricados no Brasil com componentes importados. Para este ano, ele prevê crescimento de 25% (30 milhões de usuários) e de 16% (20 milhões de usuários) para 2009.
Ainda segundo o empresário, o ano de 2009 será um ano de fortes investimentos já que as empresas ganhadoras dos leilões 2G e 3G terão de destinar recursos para infra-estrutura. "A telefonia celular vai puxar o crescimento da economia brasileira. O maior desafio será viabilizar investimentos. O mercado brasileiro de telefonia ainda tem um das menores rentabilidades porque tem pesados investimentos". Para o executivo, neste novo cenário, gestão de custos e solidez financeira serão o ponto mais importante. "O cliente não pode pagar pelo abuso de gestão e repasse dos custos".
Cox chamou a indústria de telecomunicações móveis de volta aos fundamentos, ou seja, atendimento e relacionamento com o cliente.
O representante da operadora de celular líder do mercado, Roberto de Oliveira Lima (Vivo), comparou a atual crise financeira e dos mercados de capitais à ruptura da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento - cenário com mais agilidade de informações globalizadas, num nível de integração em que os órgãos regulatórios não estavam prontos para conviver.
Lima comparou ainda a transição de um mundo internacional para global; fixo para móvel; do horário comercial (8 horas de trabalho diário) para a conexão 24 horas por dia (todos os dias da semana). A passagem de um mundo previsível para outro, imprevisível, com a substituição de máquinas por organismos vivos. "Devemos assumir responsabilidade pelos nossos atos trabalhando em união, colaboração e sintonia", afirma.
O executivo enumerou ainda algumas prioridades do setor, sob a perspectiva de crise: priorizar acesso à internet, criar novos serviços e equilibrar grupos financeiros e regulamentação do setor numa nova perspectiva. "Nada como uma boa crise para nos fazer andar mais depressa."
Mitos
Falco, por sua vez, falou sobre os "mitos" e "verdades" do mercado de telefonia celular. O primeiro mito seria: a Anatel (agência reguladora do setor) não tem adotado medidas de competição. O executivo citou dois exemplos que provam justamente o contrário, a criação da portabilidade e o leilão das licenças 2G e 3G.
O segundo mito estaria relacionado ao subsídio, considerado mola propulsora de crescimento do mercado pré-pago. "Quando o subsídio foi criado, os aparelhos custavam US$ 110. Mas depois o dólar caiu e os aparelhos ficaram mais baratos. Abandonamos o subsídio na Oi porque 77% dos subsídios estão direcionados para pós-pago. Subsídio é para rico. Você não acredita que alguém te deu um celular de graça", perguntou à platéia que lotou o auditório São Paulo, no Transamérica Expo Center.
O executivo afirmou ainda que outros mitos seriam o da criação da super tele OiBrt e de que essa empresa poderia prejudicar o mercado. "A companhia nasceu no quarto lugar. Temos amigos espanhóis (Vivo) e mexicanos (Claro) que são maiores do que nós porque começaram antes", provocou Falco.
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Postado por Laíza Bulhões, estudante da Unifacs do curso de Comunicação e Marketing - 4º semestre
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