Agência presidida por Allan Barros continuará operando com a mesma estrutura atual
Alexandre Zaghi Lemos
O Grupo Total, controlado pelo publicitário Eduardo Fischer, fechou na semana passada a compra de 55% do capital da Fala, agência comandada pelo empresário Allan Barros, que por muito pouco não fechou negócio anteriormente com o Havas, sexto maior conglomerado de comunicação do mundo, sediado na França. O acordo chegou a ser dado como certo pela multinacional, que assumiria o controle da empresa brasileira e nomearia como seu diretor de operações o executivo Ricardo Reis, atual presidente para a América Latina da Media Contacts, braço interativo do Havas.
Entretanto, conforme informou Meio & Mensagem Online na quarta-feira, dia 5, a venda foi abortada por Barros, já que não houve entendimento quanto ao teor do contrato que deveria reger a sociedade. "O modelo comercial foi bem estabelecido, mas não conseguimos chegar a um acordo quanto ao texto do contrato, de modo a preservar o estilo de atuação da Fala, a agilidade de nossos processos, a segurança dos funcionários e, principalmente, o modelo de negócios já acordado com os atuais clientes", sustenta.
Um dos problemas entre Barros e os executivos do Grupo Havas foi justamente a morosidade do processo, que se arrastou por seis meses. O empresário brasileiro chegou a assinar um termo de compromisso com a multinacional de origem francesa, mas o prazo estabelecido pela carta de intenções venceu sem que o contrato final tivesse sido assinado.
Enquanto os advogados dos franceses pressionavam para a manutenção das polices da multinacional, o empresário brasileiro temia pela descaracterização de sua agência, construída à sua imagem e semelhança. Já com o Grupo Total a conversa desenrolou no ritmo veloz, com o qual Barros se acostumou na lida com o varejo. "A negociação foi rápida, tendo como premissa a manutenção da principal razão do sucesso da Fala: o nosso modelo de negócios atual", frisa Barros. Segundo ele, a holding lhe prestará suporte administrativo, financeiro e de recursos humanos. Além do porte atual da agência, interessou ao Grupo Total seu modelo agressivo de atuação, muito ligado à área comercial, que seria complementar às demais empresas da holding. "A Fala vai agregar uma expertise nova, um diferencial ao nosso portfólio de empresas. Ela faz parte de um segmento novo de agências, que atua com muita flexibilidade e agilidade, com pulso comercial direcionado para a venda do cliente, qualquer que seja o seu ramo de atuação. É um modelo que atende a um tipo de demanda crescente no mercado anunciante e que vai complementar a atuação do Grupo Total", ressalta Fischer.
A Fala, que completou um ano em abril, é uma das novas agências mais bem sucedidas do mercado brasileiro. A empresa foi lançada tendo como principal atrativo a experiência de Barros nas áreas de marketing de grandes redes varejistas como Casas Bahia, Marabraz e Insinuante. Aproveitando este currículo, a Fala nasceu com o propósito de não tratar o varejo como subproduto da propaganda e encarar a geração de vendas como necessidade de todas as marcas. "A perda de identidade da Fala não interessa a mim e nem ao Grupo Total", reforça Barros.
Mantendo uma equipe de cerca de 160 funcionários espalhados pelos escritórios de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador, a Fala atende clientes como Lojas Colombo, Móveis Itatiaia, Kopenhagen, Hydra, Facilar, LocaWeb, Carrera GM (concessionárias) e Dunas (Rally dos Sertões e Super Cross). Desde maio, conta ainda com um braço de marketing promocional chamado Boom, fruto da associação de Allan Barros com Camila Caruso e Leandro Wyatt, que há quatro anos mantinham a E-ventos.
A compra da Fala resolve a busca por uma nova agência de publicidade para o Grupo Total, controlado pelo majoritário Eduardo Fischer, com participações dos executivos Antônio Fadiga e Cláudio Venâncio e do sócio-investidor Antônio Carneiro, ex-dono do Banco Multiplic. Até o ano passado a holding mantinha a D+, onde alojava contas conflitantes. Ela deveria ter sido substituída por uma nova empresa, que vinha sendo estruturada pelos publicitários Duílio Malfatti e Jader Rossetto. Mas a dupla deixou o projeto no início deste ano para dirigir a operação brasileira da Euro RSCG. A nova agência poderia atender contas como a de Gradiente (ex-Africa), prospectada pelo Grupo Total, mas conflitante com a da Panasonic, atendida pela Fischer. Além disso, poderia abrigar uma das marcas de cerveja da Femsa, na possibilidade da fabricante resolver separar Sol e Kaiser, ambas atualmente na Fischer.
O estilo de negociação rápida tem marcado as investidas recentes do Grupo Total. Em julho, depois de três meses de conversas, a holding assumiu o controle da SD, uma das principais agências de marketing promocional, atuante há nove anos no mercado brasileiro, e a fundiu com a One Stop, integrante da holding desde 2002, originando a nova One Stop+SD, que tem 75% de seu capital nas mãos do Grupo Total. A aquisição envolveu também a New Promo, especializada em mão-de-obra para ações promocionais, que pertencia à SD e continua funcionando com o mesmo nome.
Em setembro do ano passado foi incorporada à holding a BG Interativa, especializada em marketing digital que, após a negociação, também iniciou carreira internacional, abrindo escritório em Portugal.
O principal negócio da holding é a Fischer América, que tem foco na publicidade e operações no Brasil, na Argentina, na Colômbia e em Portugal. Além disso, o Grupo Total controla a Ten - Total Estratégia e Negócios (consultoria) e Alquimia (marketing de incentivo, CRM, eventos, promoções e prêmios online).
Postado por Laíza Bulhões, estudante da Unifacs do curso de Comunicação e Marketing - 2º semestre.
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